Os livros didáticos são
ferramentas muito utilizadas e necessárias em sala de aula para o
desenvolvimento dos conteúdos. Portanto material auxiliar ao docente. No caso
específico da Matemática é importante que forneça informações sobre a mesma e outros
conhecimentos necessários à aprendizagem dos alunos e prática docente. Na
sociedade atual o ensino de Matemática deve assumir a tarefa de preparar
cidadãos para uma realidade cada vez mais interposta por tecnologias
possibilitando à maioria da população o saber elaborado. No Currículo da educação escolar consta um novo
conceito denominado "Temas Transversais", que devem estar presentes
nas diferentes áreas curriculares como conteúdo a ser trabalhado em sala de
aula, preocupando-se com a formação política-social do educando. Portanto
é de suma importância que os livros de Matemática abordem esses temas em seus
conteúdos. Assim a referida pesquisa pretende investigar se esses temas estão
sendo incorporados aos conteúdos dos livros didáticos de Matemática.
Palavras-chave: Livro didático, Matemática, Temas
Transversais.
Os livros
didáticos
Os livros
didáticos são ferramentas muito utilizadas em sala de aula para o
desenvolvimento dos conteúdos nas diversas disciplinas curriculares. Tem por principal
função estruturar o trabalho didático
pedagógico e auxiliar o docente em suas atividades no preparo das aulas, para
isso o livro deve se organizar em torno da:
- Apresentação não apenas dos conteúdos
curriculares, mas também de um conjunto de atividades para o ensino-aprendizado
desses conteúdos;
- Distribuição desses conteúdos e atividades
de ensino de acordo com a progressão de tempo escolar, particularmente de
acordo com as séries e unidades de ensino. (RECOMENDAÇÕES PARA UMA POLÍTICA
PÚBLICA DE LIVROS DIDÁTICOS, 2002).
Os livros
didáticos buscando assumir a função de estruturar o trabalho didático pedagógico e tornar-se um material
auxiliar ao docente, necessita que em seu corpo seja apresentado um
desenvolvimento dos conteúdos e não apenas uma síntese do mesmo, não deve ser
apenas um material de referencia e sim um caderno de atividades, que apresente,
exponha, fixe e avalie o aprendizado. Sendo assim, o livro didático torna-se um material que
condiciona, orienta e organiza a ação docente.
Um bom livro
constitui real ajuda para o professor e aluno, exercendo vários papéis. No caso
específico da Matemática é necessário que forneça informações sobre a mesma e
outros conhecimentos necessários para a aprendizagem dos alunos e prática do
professor.
Portanto a
avaliação do livro didático de Matemática baseia-se na comparação dos objetivos
gerais do ensino desse saber, sendo estes objetivos refletidos em graus
variados.Deve-se avaliar pressupostos sobre o ensino da Matemática no atual
contexto social, o papel do professor e as características dos alunos, pois, “o
ensino da Matemática não se faz num vácuo. É necessário primeiramente, saber
para que ensinar e, com base nisso, definir o que ensinar”.(GUIA DO LIVRO
DIDÁTICO, p. 197, 2005).
No atual quadro
da sociedade, o ensino da Matemática, juntamente com os de outras disciplinas,
deve assumir a tarefa de preparar cidadãos para uma sociedade cada vez mais
interposta por tecnologias e possibilitar a maioria da população o saber
elaborado socialmente acumulado. Sua
função principal é preparar o aluno para atuar em uma sociedade complexa utilizando os
conhecimentos matemáticos de maneira ativa em seu cotidiano para: “[...]
fazer estimativas e previsões, ler, interpretar e organizar dados quantitativos
incompletos[...]”(GUIA DO LIVRO DIDÁTICO, p. 197, 2005), aprendendo a
globalizar processos e situações e organizar o pensamento.
Sendo assim, a
inclusão dos Temas Transversais aos conteúdos curriculares apresentados aos
livros didáticos de Matemática e outras disciplinas, contribuirá para que com o
auxilio dos mesmos seja trabalhado em sala de aula conteúdos ligados aos
interesses da população e colaborar com a formação de indivíduos preocupados com a construção de uma
sociedade emancipadora e justa, pois: “Tratam de processos que estão sendo
intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos
alunos e educadores em seu cotidiano.” (PCN - Temas Transversais, p.5).
Os Temas Transversais e a
Matemática
Atualmente há
constantes mudanças no campo das Ciências, e essas não se referem apenas aos
conteúdos das diferentes disciplinas científicas, elas atingem o próprio
conceito de Ciência.
A
substituição da idéia anterior de que a Ciência era entendida como conjunto de
verdades de natureza acumulativas por uma concepção mais dinâmica, segundo a
qual as teorias cientificas que vão se sucedendo ao longo da história não
passariam de modelos explicativos parciais – e sempre provisórios – de
determinados aspectos da realidade, pressupões mudanças profundas que tem
enorme ressonância no campo da educação.(MORENO 1998).
Essas mudanças
devem seguir o mesmo sentido dessa nova idéia de Ciência, ou seja, o conteúdo
escolar além de contemplar as disciplinas clássicas, também deve englobar
questões de interesse da sociedade, permitindo assim que os conteúdos não
tenham um fim em si mesmo.
As mudanças no
campo das Ciências fizeram nascer novas disciplinas e ampliaram-se os campos de
estudo, além do surgimento de uma potente tecnologia que transforma a vida
cotidiana das pessoas, essas mudanças tecnológicas constituem realidades
presentes em nossa vida cotidiana.
Segundo Nereide Saviani em seu livro “Saber
Escolar, Currículo e Didática”(p.122),
“[...]
as posições em relação à matéria do ensino passaram a variar segundo a
importância que ela é atribuída pelas diferentes concepções de educação escolar
e seu papel no desenvolvimento da sociedade. Assim, nas definições do que se
deve integrar o conteúdo do ensino e como este deve ser organizado, tende a predominar,
ora o valor intrínseco da própria matéria de ensino, ora a relevância do
conhecimento e do seu domínio para cada individuo, ora sua relevância para a
solução de problemas da sociedade.”
O ensino
precisa acompanhar tamanhas mudanças, para não correr o risco de preparar os
indivíduos para uma formação intelectual que não esteja de acordo com a
sociedade em que vivem.
No caso
especifico da Matemática, pode-se observar tais mudanças, já que hoje mais do
que nunca, segundo (OLIVEIRA, 2001):
O conhecimento Matemático elaborado, como todos os
demais campos do conhecimento humano, é hoje um valor humano imprescindível
para que o individuo possa atuar nas várias modalidades da prática social em
que vivem.Em suma, em todas as instâncias sociais ouve-se constantemente a
afirmação da necessidade do conhecimento, seja isso referente à Matemática ou
aos demais campo do saber.
No Currículo da educação escolar básica surge um novo conceito geral denominado "Temas
Transversais", que deve impregnar toda a prática educacional e estar
presente nas diferentes áreas curriculares como conteúdo a ser trabalhado em
sala de aula. Sugerido pelos PCN devem estar incluídos nas propostas
curriculares das diversas disciplinas escolares, preocupando-se com a formação
política e social dos educandos.
Dessa forma a
inclusão dos Temas Transversais como conteúdo escolar tem como objetivo a
construção da democracia e da cidadania a partir de conteúdos vinculados ao
cotidiano e aos interesses da maioria da população. Assim os conteúdos das
disciplinas obrigatórias do currículo não mais devem ser considerados como fim
em si mesmos.
Sendo
assim Oliveira (2001) destaca que:
[...] o trabalho educativo deve sempre servir à
humanização do homem, isto é, deve ser sempre um trabalho valorado
positivamente, um trabalho dirigido por valores, estará em princípio sempre
buscando contribuir para que a participação do indivíduo, na sociedade, seja
aquela que torne essa sociedade cada vez mais humanitária.
Nesse sentido o ensino da Matemática além de contemplar o conteúdo formal que requer a disciplina também deve preocupar-se com a formação do aluno enquanto cidadão. A inclusão dos temas transversais incorporados ao currículo escolar permite que se trabalhe em sala de aula conteúdos incorporados aos assuntos de interesse da população ao mesmo tempo em que o conhecimento vai se constituindo de forma significativa e a Matemática deixa de ter um fim em si mesma.
A educadora espanhola Montserrat Moreno (1998), afirma que os Temas Transversais destinam-se a superar os efeitos perversos herdados da cultura tradicional, de que atualmente nossa sociedade tomou consciência. Para introduzir no ensino as preocupações mais significativas e urgentes da sociedade atual, não se deve deslocar as matérias curriculares e nem tratar os temas transversais como novos conteúdos.
No Brasil, a partir de 1996, o Ministério de Educação e do Desporto, deu início a uma reestruturação em seu sistema educacional, através da produção de documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), emanados da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº. 9394/96, sendo os Temas Transversais “[...] elaborados com a intenção de
ampliar e aprofundar um debate educacional que envolva escolas, pais, governo e
sociedade e dê origem a uma transformação positiva no sistema educativo
brasileiro”. (PCN - Temas Transversais, p.5).
Os PCN – Temas Transversais, baseando-se na LDB,
trazem a cidadania como eixo vertebrador da educação (p.23), onde esta deve ser
entendida como a necessidade de o ser humano estar contra valores que o
desrespeitem em sua dignidade.
Observando-se
o comportamento humano percebe-se o fosso existente entre os princípios
previstos na Constituição de 1988 e escolhidos pelos mentores dos PCN:
dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos, participação na sociedade e
co-responsabilidade pela vida social e a prática (ação); daí o motivo da
inclusão dos Temas Transversais na reforma do sistema educacional: objetivar
uma mudança refletida sobre os valores na práxis.
De acordo com
Moraes (2003), os temas transversais devem ser eixos estruturadores em torno
dos quais devem ser alocados os conteúdos curriculares.
Nessa perspectiva, os Temas
Transversais se constituirão em um conjunto de conteúdos educativos, presentes
nas atividades escolares, que não estão ligados a nenhuma disciplina em
particular, mas que são comuns a todas, mais centrados na educação para a vida,
permitindo o desenvolvimento de indivíduos tanto competentes tecnicamente,
quanto comprometidos com as transformações sociais.
A investigação
possibilitará perceber se os Temas Transversais estão e como estão sendo
incorporados nos livros didáticos de Matemática, bem como possibilitará um
retorno aos professores que os utilizam em suas aulas, os autores que trabalham
com esses temas e como trabalham.
Procedimento Metodológico:
Existe uma grande
diversidade de métodos de investigação que podem ser aplicados à escolha de uma
determinada pesquisa.
A concentração do interesse
do pesquisador em determinados problemas, a perspectiva em que se coloca para
formulá-los, a escolha dos instrumentos de coleta e análise do material não
devem ser fortuitos.
O Pesquisador deverá além de
sua posição diante do objeto a estudar, considerar o momento
histórico-científico em que se encontra, como também a maneira de perceber as
ciências no mundo intelectual de que faz parte.
Durante muito tempo as
técnicas quantitativas predominaram nas pesquisas científicas, a busca da
verdade, da certeza da Ciência, mostrava-se como primordial, já que as técnicas
quantitativas possibilitavam que fossem utilizados questionários facilmente
redutíveis a algarismos e porcentagens, como também o emprego da estatística,
possibilitava que o raciocínio se operava sobre quantias diretas e
indiretamente mensuráveis. A quantidade era tida como detentora de elevado grau
de abstração.
Já nas primeiras décadas do
século XX, observava-se que as Ciências Exatas e Naturais não estavam mais tão
certas e seguras em suas perspectivas e resultados quanto se imaginara no século
anterior, percebia-se que algo ainda não respondia as inquietações dos
pesquisadores.
As descobertas consideradas
científicas sofriam influências das qualidades, limitações e da coletividade em
que o investigador pertencia, o conteúdo de seu saber estava condicionado pela
sua inserção na sociedade, sendo assim as técnicas quantitativas não fugiam as
injunções de tempo e espaço, reunindo-se às qualitativas.
A qualidade estava ligada a
toda a Ciência, a todo o conhecimento, vinha sempre em primeiro lugar, era a
qualidade que distinguia uma coisa das demais, que fazia as Ciências terem suas
características próprias. “A qualidade composta pelos aspectos sensíveis de
uma coisa ou de um fenômeno constitui assim o que é fundamental em qualquer
estudo ou pesquisa, pois é o ponto de partida para qualquer deles”.(QUEIROZ,
1992)
.
Embora tamanha importância
das técnicas qualitativas, as quantitativas também exercem grande papel de
estimada importância em determinadas pesquisas, mas não é possível quantificar
sem que antes tenha sido feita toda uma análise qualitativa, sendo assim as
técnicas quantitativas estão associadas às qualitativas, pois: como já afirmava
Queiroz “a simples aplicação da quantificação não permite passar da composição
de coletividades a partir de unidades, nem da descrição das mesmas, para a
explicação de interpretação sem antes utilizar o crivo das comparações”.
Embora o meio da
quantificação possa parecer o melhor caminho para se chegar ao conhecimento dos
dados obtidos, em pesquisas de educação, ciências naturais, sociais e em
ciências exatas, estas técnicas apenas narram o que se encontrou, não
desvendando os motivos ou razões. Portanto o vínculo entre as duas técnicas
permite que seja feita a movimentação qualitativo/quantitativo/qualitativo, no
qual primeiro procede-se a separação das categorias, conceitos e a direção das
comparações, segundo mensura-se as quantidades e terceiro volta-se novamente ao
qualitativo para analisar o significado das quantidades.
Para a realização desta
pesquisa optou-se por utilizar técnicas qualitativas e quantitativas buscando a
movimentação qualitativo/quantitativo/qualitativo. Entendendo que as qualidades
são referências de analogias, oposição, “funcionamento” de um objeto a outro a
função de buscar qualidades é a de permitir um rearranjo das partes que
apresente uma “nova” explicação para os fenômenos. Já as quantidades no que diz
respeito aos números (pluralidade de unidades), à intensidade (mais ou menos
forte) exercem uma função mais descritiva do objeto a ser pesquisado.
Dessa forma pretende-se
desenvolver uma investigação a partir de um referencial teórico que está sendo
constituído.
Constituído o referencial
teórico pretende-se investigar como os livros didáticos de Matemática estão
incorporando os temas transversais aos conteúdos, como também de que forma
esses temas aliados aos conteúdos estão sendo trabalhados em sala de aula,
através de:
- Levantamento
Bibliográfico dos livros mais utilizados em salas de aula de Matemática no
ensino fundamental e médio, bem como aqueles mais utilizados pelos professores
para o preparo de suas aulas;
- Análise da
proposta pedagógica e planos de ensino;
- Análise do
Currículo de Matemática para a educação básica.
A análise dados possibilitará que se inicie
um processo de resposta para a questão que pretendo investigar de forma mais
detalhada.
Referencia Bibliográfica básica:
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Terceiro e Quarto ciclos – Apresentação dos Temas Transversais. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
BRASIL.
Ministério da Educação. Secretaria da Educação Infantil e Fundamental. Guia
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MEC/SEIF, 2004.
BRASIL.
Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Recomendações para
uma política pública de livros didáticos. 2ª impresão. Brasília. MEC/SEF,
2002.
MORAES, M.S.S.
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MORENO, M.
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SAVIANI, N. A organização do currículo
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